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Oralidade: Uma Conversa Antes da Partida - Parte 01

Atualizado: 5 de ago.

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Há algo sagrado nos encontros entre gerações, especialmente quando o que está em jogo é a continuidade da missão de Deus. Neste texto, você será convidado a sentar-se conosco à sombra de uma varanda, onde um velho missionário, com os olhos marcados pelo tempo e a voz cheia de histórias, conversa com um jovem que está prestes a embarcar em sua primeira viagem missionária. Não se trata de uma aula, tampouco de uma palestra. É uma partilha, uma travessia de sabedoria. E, como toda boa história, ela começa com café, cheiro de terra molhada e ouvidos abertos.


Cenário: Ao redor de uma mesa simples, em casa, com café recém-passado e pão quente. Um clima de aconchego, cuidado e expectativa paira no ar. Pai e Mãe sentam com seus filhos, para uma conversa antes da primeira viagem missionária dos jovens.


Mãe: Filhos... antes de falarmos dos preparativos práticos, queremos conversar com vocês sobre algo que não cabe na mala, mas precisa ir com vocês: a forma como vocês vão falar do Evangelho.


Pai: É, meus filhos. A gente passou décadas entre povos que não liam, mas ouviam. Não decoravam versículos, mas sabiam repetir as histórias que tocavam o coração. E quando as histórias eram bem contadas, o Evangelho florescia — não por nossa eloquência, mas porque a Palavra estava viva... falada do jeito que o povo podia entender.


Filha: Pai... você sempre contou histórias, desde que a gente era pequeno. Eu lembro de algumas que você repetia de propósito.


Mãe (sorri): Era de propósito mesmo, filha. Histórias repetidas tocam mais fundo do que ideias lançadas às pressas. A missão entre povos orais, e isso inclui muitos vizinhos e amigos aqui mesmo, não começa com doutrina, mas com escuta, com afeto, com narrativas cheias de graça.


Filho: Mas... e quando perguntarem sobre doutrinas? Sobre temas difíceis? A gente responde como?


Pai: Boa pergunta, filho. A doutrina tem seu lugar. Mas lembrem-se: Jesus sabia tudo, e mesmo assim escolheu falar em parábolas. Ele não estava escondendo a verdade, Ele estava revelando do jeito que o povo podia carregar no coração.


Mãe: E Ele não usou papel nem púlpito. Ele usou a estrada, a mesa, o campo. Um semeador, uma ovelha, uma casa caída, um pai que espera... As pessoas viam a história, ouviam com o coração. Era assim que o céu se abria.


Filho (pensativo): Então... a gente precisa aprender a contar a melhor história. E contar bem.


Mãe (com ternura): Isso mesmo. Contar com fidelidade, mas também com beleza. Não para entreter, mas para abrir portas que argumentos não conseguem. Às vezes, uma lágrima ou um silêncio falam mais do que uma explicação perfeita.


Filha: E se a gente errar na forma de contar?


Pai: Errar faz parte. Vocês vão aprender ouvindo também. Às vezes, é na escuta que nasce a história certa. Não cheguem falando, cheguem perguntando, observando, se encantando com o jeito que aquele povo sente e aprende.


Mãe: Lembrem-se: Jesus é o Verbo. Ele é a Palavra falada, viva, encarnada. Não esperem que todos leiam a Bíblia com os olhos. Muitos vão precisar ouvi-la com o coração, e isso pode vir da boca de vocês, sim, mas também dos seus gestos, da sua presença, do brilho nos olhos.


Pai: E quando vocês forem contar uma história do Evangelho... façam com reverência, como quem está entregando um tesouro. Não tenham pressa. Usem palavras simples, imagens do dia a dia, e deixem espaço para o Espírito Santo tocar onde nem vocês imaginam.


Filho (sorri): Então o nosso ministério vai ser mais sobre ser voz, do que ser explicação?


Mãe (emocionada): Sim, meu filho. Vocês serão voz... e presença. Talvez alguém nunca leia o Evangelho, mas verá Jesus nas histórias que vocês contarem, e na forma como vocês vivem.


Filha: Acho que agora entendi por que vocês sempre diziam que missão não é só falar de Deus, é também mostrar Deus com a vida, com as palavras certas, do jeito certo.


Pai: Exatamente, filha. Missão não é recitar fórmulas. É contar, com paixão e esperança, a melhor história já contada, até que Ele volte.


Filho (pensativo): Isso me faz pensar nos povos “não alcançados” … talvez muitos deles nem sejam analfabetos no sentido tradicional, mas são ouvintes. Eles aprendem com imagens, com voz, com emoção.


Pai (com leveza): São os povos orais. Mas não pense só nas tribos remotas. Muitos estão nas nossas cidades, nas periferias, nas igrejas. Gente que lê, mas não entende. Gente que precisa ouvir com o coração. E isso exige de nós mais do que pregação. Exige presença, escuta e sensibilidade.


Filho: E como eu posso me preparar pra isso? Eu nunca aprendi a pregar assim…


Pai: Você não precisa saber “pregar”. Precisa aprender a contar. A contar com a boca, com os olhos, com os gestos e com o coração. O bom contador de histórias é, primeiro, um bom ouvinte. Ouça o lugar. Ouça o povo. Ouça Deus. Depois, fale. Com verdade, beleza e contexto.


Filho (emocionado): Pastor… isso muda tudo. Eu estava me preparando pra ter respostas… agora percebo que preciso mais é de presença.


Pai: Presença é o que transforma. Jesus não deixou um compêndio, Ele deixou a Si mesmo. E é isso que o mundo precisa ver em você. Não uma mensagem decorada, mas o evangelho vivido.


Mãe (com ternura nos olhos): E histórias não terminam, filho. Elas continuam. E agora… chegou a sua vez de vivê-las. Vá. Leve a melhor história do mundo, e conte-a com paixão, fidelidade e esperança. Até que Ele venha.


Continua...


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